Foto: Bela Magrela
Em um cenário de constantes desafios econômicos e ambientais, a eficiência na pecuária se torna cada vez mais essencial. O foco é o uso inteligente dos recursos já disponíveis, especialmente a pastagem - reconhecida como a ferramenta mais econômica e poderosa para impulsionar o ganho de peso na recria, dentro do sistema clássico de produção. Nesta entrevista, o professor Moacyr Corsi, que esteve presente no Encontro de Confinamento e Recriadores de 2025, respondeu algumas perguntas dos participantes referentes a sua palestra “Como aumentar meu ganho sem aumentar desembolso?”
Participante: Em quantas parcelas de aplicação o senhor recomenda fazer a adubação de 250kg de nitrogênio por hectare?
Moacyr Corsi: O nível de aplicação adequado seria 50,0 kg de nitrogênio por aplicação. Quando se aplicam 30,0kg, o efeito dessa adubação é muito efêmero. A planta até mostra resposta àquela adubação, mas a durabilidade desse efeito diminui bastante.
Evidentemente, se quer uma prorrogação desse tempo, exatamente para a planta rebrotar, ser pastejada, e ainda continuar formando folhas novas. Então o nível adequado é de 40,0 a 50,0kg. E 50,0kg é melhor do que 40,0kg.
Participante: Com relação ao tempo de adubação, de no máximo cinco dias após o pastejo. No caso de veranico, essa adubação deve ser mantida dentro desse período de cinco dias ou não?
Moacyr Corsi: Não olhe mais para São Pedro. Olha, saiu o gado, se está dentro daquele período em que devem ocorrer as chuvas, você vai adubando normalmente.
O que acontece? Se você esperar a chuva molhar o solo para adubar, então você perde muito do nitrogênio que foi colocado na superfície com umidade. Mas, se o solo estiver seco, você não perde, a não ser que tenha uma chuva muito pesada e que arraste esse fertilizante através da enxurrada. Caso contrário, você não tem perda nenhuma.
O adubo fica estabilizado no solo até que chova. Se você tem uma intensidade de orvalho, daquela que você anda e começa a ficar todo molhado, também perde um pouco desse nitrogênio. Mas, a maior dificuldade é saber quando vai chover.
E, se você perde esse período em que você não adubou, ocorreu a chuva e você não teve aquela resposta que estava sendo programada, a recomendação é: estando no pastejo rotacionado vai adubando. E, se não chover dois dias, você não vai fazer duas adubações, sobrepostas, uma à outra, porque não choveu naquele período em que você colocou o fertilizante. O fertilizante está lá, você espera chover e depois continua a adubação de novo. Mas a orientação é: está no pastejo rotacionado, está adubando, não olha mais para o céu – saiu o gado, aduba.
Evidentemente, se o período de seca for muito prolongado e você já tinha feito uma adubação, para aquela segunda adubação, você vai esperar chover para recomeçar todo o processo.
Participante: Hoje o nosso clima está cada dia mais complexo. Com isso, vimos na palestra que o senhor apresentou, em relação à adubação logo na saída do gado. Caso as previsões de chuva estiverem ruins, qual a melhor estratégia para a adubação? Visto que na região em questão, Sul de Minas Gerais, se passaram 25 dias sem chuva, no período de fevereiro.
Moacyr Corsi: Aduba. E, se o animal vai passar ali de novo, mas vai passar no período seco, não faz a segunda adubação. Está adubado, o adubo não fez efeito nenhum, ele está ali ainda para fazer o efeito assim que chover. Aí você não faz a adubação. Mas, caso haja ocorrência de chuva nesse período intermediário, você continua fazendo a adubação.
Então a orientação é a seguinte: adubei o piquete número 2, ficou um período todo, quando voltou o gado lá no piquete número 2, ainda não choveu. Não faça a adubação, porque o adubo está lá e ele não fez efeito nenhum ainda. Assim que chover, você recomeça adubando o outro.
Scot Consultoria: Professor, deixe uma última mensagem para o pessoal que não pôde estar aqui conosco nesse evento em 2025, para em próximos eventos da Scot Consultoria participarem conosco?
Moacyr Corsi: Pessoal, hoje os eventos que a Scot Consultoria realiza estão se tornando um centro de fusão de tecnologia. Quer dizer, é necessário que vocês venham e confirmem isso. Vão ver que o nível tecnológico e as orientações apresentadas na palestra têm um valor enorme.
Então, se você está no negócio e quer progredir, é claro que precisa cada vez mais buscar informações – informações que sejam confiáveis.
E, em um ambiente como esse, a informação é praticamente destrinchada. Quer dizer, se ela tiver qualquer ponto fraco, pode ter certeza de que o pessoal descobre muito rápido. Eu recomendaria bastante que vocês prestassem atenção à programação da Scot e, evidentemente, venham até aqui, para ver, de fato, as vantagens que esse tipo de processo de aprendizado oferece.
Clique aqui e assista a entrevista completa no canal do YouTube da Scot Consultoria.
Engenheiro agrônomo e doutor em ciência animal e pastagens pela ESALQ/USP, mestre e PhD em agronomia pela Ohio State University. Possui dois pós-doutorados, um na West Virginia University e outro na Massey University. É professor titular da Universidade de São Paulo (USP) desde 1989.
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